“ (…) Mitos, lendas e
fábulas dão essencialmente voz às trevas que reinam na alma humana.” — Craig Russell,
Irmão Grimm
“Hoje, receamos
deixar os nossos filhos brincarem longe da nossa vista. Vemos ameaças e perigos
em todos os aspectos da vida moderna. Vamos ao cinema para nos aterrorizarmos
com mitos modernos que, conforme nos convencemos, espelham a nossa vida e a
sociedade de hoje. A verdade é que o perigo sempre aqui esteve. O assassino de
crianças, o violador, o criminoso demente têm sido uma constante da experiência
humana. A única diferença é que, enquanto antigamente nos assustávamos com os
contos do lobo mau, da bruxa malvada e do mal que se esconde nos bosques
sombrios, agora assustamo-nos com mitos cinematográficos do assassino em série super-inteligente,
o malevolente individuo que nos persegue, o extraterrestre e os monstros
criados pela ciência… Tudo o que fizemos foi reinventar o lobo mau e temos
apenas alegorias modernas para terrores eternos…” — Craig Russell, Irmão Grimm
Sinopse:
O corpo de uma rapariga jaz na areia pálida de uma praia de
Hamburgo, trazendo uma mensagem escondida na mão: "Tenho estado soterrado
e agora chegou a altura de regressar a casa..." Neste segundo volume da
trilogia iniciada com "Águia de Sangue", Jan Fabel, detective da
brigada de homicídios, luta para decifrar o imaginário perverso de uma mente
sombria e implacável.
Quatro dias depois da descoberta do primeiro corpo, um homem
e uma mulher são encontrados nos confins de uma floresta com as gargantas
rasgadas e um papel dobrado e escondido na mão. Numa caligrafia apertada e
obsessiva, estão escritos os nomes "Hansel" e "Gretel".
Torna-se evidente que cada novo crime é uma referência
sinistra a contos compilados há dois séculos pelos irmãos Grimm. A caça está
aberta a um assassino em série que explora os medos mais básicos e sombrios que
encontramos nos antigos contos de fadas. Um predador que mata e que se esconde
nas trevas. Um monstro que todos aprendemos a temer na nossa infância.
Opinião pessoal:
Irmão Grimm foi um dos melhores livros que já li. A escrita
do autor é sombria e penetrante e vai buscar o nosso lado mais… desumano. O
enredo, apesar de simples, é fascinante e muito bem trabalhado. Toda a história
foi construída para que procurássemos sempre de forma errada pelo assassino o
que torna a experiência de leitura ainda melhor.
Ainda que o livro num todo seja de cortar a respiração o que
mais me fascinou foram as teorias que nos são apresentadas ao longo do livro.
Muitas delas sobre as diferentes perspectivas que podemos encontrar em relação
aos contos populares e como eles caracterizam os diferentes países de onde tiveram
origem. Dá-nos uma visão muito crua e arrepiante do mal que nos rodeia todos os
dias.
Este livro é o segundo de uma série e, mesmo tendo adorado,
não sei se continuarei a lê-la. A meu ver o que torna este livro tão intrigante
e intenso é a maneira como o tema “contos dos irmãos Grimm” foi tão bem
explorado, de maneira que não sei se tenho vontade de continuar os próximos livros.